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Principais conclusões

  • O Painel de Risco de Recessão ClearBridge não registrou mudanças de sinal neste mês, e fontes alternativas de dados para os indicadores ainda suspensos sugerem a continuidade de tendências compatíveis com essa estabilidade; no conjunto, o painel permanece solidamente em território expansionista (verde).
  • Embora a IA seja, com frequência, associada à fraqueza no mercado de trabalho, essa desaceleração tem sido mais evidente nos setores com menores taxas de adoção de IA, o que sugere que outros fatores têm desempenhado um papel mais relevante na redução do ritmo de criação de empregos.
  • Embora os receios de que a IA possa elevar a volatividade no mercado de trabalho, os ventos favoráveis das políticas fiscal e monetária deve impulsionar a economia dos EUA e os lucros corporativos em 2026; mantemos uma posição firme na estratégia de "comprar nas correções".

Vento desfavorável da IA ao mercado de trabalho menor do que o estimado

O índice S&P 500 registrou em novembro sua primeira correção de 5% em seis meses, mas se recuperou no fim do período e terminou o mês com um ganho modesto de +0,2%. O índice de referência agora está a menos de 1% de sua máxima histórica. Essa volatilidade não foi totalmente inesperada; nos últimos meses, as discussões sobre uma possível bolha de mercado têm dominado as conversas entre investidores. Em nossa avaliação, a queda inicial de novembro parece ter sido impulsionada principalmente por investidores de varejo reduzindo risco, à medida que ativos de alto momentum, os "queridinhos" do mercado, absorveram a maior parte da pressão vendedora. À medida que avançamos para o novo ano, seguimos acreditando que um cenário sólido de lucros e revisões positivas das estimativas de EPS devem sustentar níveis mais altos para os mercados, apesar de o índice S&P 500 estar sendo negociado a um múltiplo elevado de 22,4x lucros futuros.

Do ponto de vista fundamentalista, pouco parece ter mudado no último mês. Embora a paralização do governo tenha terminado, o fluxo de dados oficiais permanece interrompido enquanto diversas agências trabalham para reduzir seus backlogs. Desde a nossa última atualização, foram divulgados os dados de outubro para três dos cinco indicadores ainda ausentes do painel: pedidos de seguro-desemprego, vendas no varejo e crescimento salarial. Nenhum deles apresentou variação em relação às leituras de setembro. No entanto, apenas o indicador de pedidos de seguro-desemprego tem dados de novembro disponíveis até o momento, o que significa que quatro indicadores ainda não estão atualizados. Importante ressaltar que o restante do painel não apresentou mudanças de sinal neste mês, e fontes alternativas de dados indicam a continuidade de tendências compatíveis com essa ausência de alterações individuais. Com isso, o sinal geral do painel segue firme em território expansionista (verde) (Gráfico 1).

Gráfico 1: Painel de Risco de Recessão ClearBridge

Dados de 30 de novembro de 2025. Fontes: BLS, Federal Reserve, Census Bureau, ISM, BEA, American Chemistry Council, American Trucking Association, Conference Board, Bloomberg, CME, FactSet e Macrobond. *Pedidos de seguro-desemprego, vendas no varejo e crescimento salarial foram atualizados com dados que haviam sido adiados devido à paralização do governo nos Estados Unidos. "Indisponível" reflete dados que não foram atualizados devido à paralisação do governo. O Painel de Risco de Recessão ClearBridge foi criado em janeiro de 2016. As referências aos sinais que ele teria enviado nos anos anteriores a janeiro de 2016 são baseadas em como os dados subjacentes foram refletidos nos indicadores de componentes na época.

Com a atividade econômica subjacente e os lucros corporativos ainda resilientes, muitos investidores continuam a se perguntar o que motivou a reatração do mercado acionário em meados de novembro. Uma preocupação que tem surgido com frequência nas conversas com clientes é o receio de que a adoção mais ampla da inteligência artificial (IA) esteja afetando a criação de empregos. Os defensores dessa narrativa costumam apontar para os trabalhadores mais jovens, cuja experiência mais limitada e conjunto de habilidades mais restrito, em tese, permitiriam uma substituição mais fácil de trabalho por capital (IA). A alta da taxa de desemprego entre os norte-americanos mais jovens (16 a 24 anos), que passou de 6,6% em abril de 2023 para 10,4%, tem reforçado essa narrativa.

Uma análise mais aprofundada dos dados do mercado de trabalho mostra que, embora a IA esteja influenciando o mercado de empregos, seu impacto é bem menor do que costuma ser percebido. Há, de fato, pontos específicos de fraqueza no mercado de trabalho induzidos pela IA em alguns setores, como desenvolvimento de software e centrais de atendimento. No entanto, ao avaliar a criação de empregos e a adoção de IA por setor, a fraqueza no mercado de trabalho tem sido mais evidente justamente nas indústrias com as menores taxas de adoção de IA (Gráfico 2). Isso sugere que outras dinâmicas, como mudanças nas políticas de imigração e comércio, o contínuo envelhecimento da população dos EUA e iniciativas relacionadas ao DOGE para reduzir o tamanho da força de trabalho federal, têm desempenhado um papel mais relevante do que a IA na desaceleração do ritmo de criação de empregos.

Gráfico 2: Menor adoção de IA, maior fraqueza no mercado de trabalho

Dados referentes a 30 de setembro de 2025, últimos disponíveis até 30 de novembro de 2025. Fonte: Wolfe Research, Haver Analytics.

Embora a IA não pareça ser, até agora, o principal fator por trás do enfraquecimento da criação de empregos, muitos investidores temem o potencial de cortes mais amplos induzidos por IA nos próximos anos. Embora isso seja possível, perdas de empregos decorrentes do avanço tecnológico são, em geral, uma característica, e não uma falha, da economia dos Estados Unidos. De fato, o Prêmio Nobel de Economia deste ano reconheceu pesquisas sobre o conceito de destruição criativa: mecanismo pelo qual inovações substituem tecnologias antigas, tornadas obsoletas, e que pode sustentar o crescimento ao longo do tempo por meio do avanço tecnológico. Essa dinâmica está sempre presente na economia dos Estados Unidos, com maior ou menor intensidade conforme a fase do ciclo econômico.

Embora desta vez possa ser diferente, a IA pode ser mais disruptiva do que inovações tecnológicas anteriores, acreditamos que, até o momento, as evidências sugerem mais temor do que realidade. Além disso, as perdas de empregos provocadas pela IA representam apenas metade da história: o processo de destruição criativa também envolve geração de empregos, à medida que novos negócios, e até setores inteiros. surgem a partir dos avanços tecnológicos. O forte aumento na criação de empresas nos últimos anos, especialmente em 2025, sugere que algumas das principais corporações do futuro podem já estar em sua fase inicial hoje (Gráfico 3).

Em última análise, o momento e a intensidade da disrupção é que determinarão o grau de impacto que a IA poderá exercer sobre a economia. Os conselhos corporativos certamente verão com bons olhos a perspectiva de ganhos de eficiência e margens mais elevadas, e a velocidade com que novos negócios conseguem ampliar sua adoção de IA será fundamental para determinar quão fluida será a transição dos trabalhadores para novas funções e novos fluxos de trabalho.

No entanto, esse padrão se repetiu em transformações tecnológicas anteriores, desde a máquina a vapor, e a história mostra que a maior parte das perdas de empregos em áreas afetadas por avanços tecnológicos ocorre durante recessões, e não em períodos de expansão. Em períodos de maior força econômica, costuma haver uma redução gradual em empregos rotineiros, nos quais a tecnologia consegue substituir trabalhadores com mais facilidade. As mudanças mais intensas tendem a ocorrer em fases mais amplas de fraqueza econômica, quando decisões mais difíceis precisam ser tomadas, resultando em ciclos de demissões mais acentuados. A "recuperação sem geração de empregos" observada no início/meados dos anos 2000, após o estouro da bolha de tecnologia, pode servir como um bom paralelo para o que pode ocorrer quando o atual ciclo econômico finalmente chegar ao seu desfecho (Gráfico 4).

Gráfico 3: Alta na criação de empresas nos EUA

Dados atualizados pela última vez em 11 de setembro de 2025, últimos disponíveis até 30 de novembro de 2025. Fontes: US Census Bureau, Macrobond.

Gráfico 4: Proporção de trabalhadores empregados em ocupações rotineiras

Ocupações rotineiras são aquelas que envolvem atividades guiadas por instruções e procedimentos bem definidos, em contraste com tarefas que exigem flexibilidade, criatividade e capacidade de resolução de problemas. Dados referentes a 30 de junho de 2025, últimos disponíveis até 30 de novembro de 2025. Fonte: Jaimovich Siu 2018, Goldman Sachs Investment Research.

Importante destacar que, como o Painel de Risco de Recessão ClearBridge continua a sinalizar expansão para o próximo ano, esse cenário não é, a nosso ver, uma preocupação imediata. Diante do bom momento econômico e da falta de evidências de que a IA esteja causando perdas amplas de postos de trabalho, consideramos que os receios de um enfraquecimento mais acentuado do mercado de trabalho devido à IA não encontram suporte nas informações disponíveis hoje. Embora os receios sobre os efeitos da IA no mercado de trabalho possam elevar a volatilidade, o impulso combinado das políticas fiscal e monetária deve sustentar a economia dos EUA e os lucros corporativos em 2026. Como resultado, continuamos firmes na estratégia de comprar nas baixas.



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